Mucuri: Em 2026, Robertinho e Jerônimo: namoro político ou amizade estratégica?
Por Rubem Gama
O cenário político de Mucuri e do extremo sul da Bahia começa a ganhar contornos que prometem movimentar não apenas a eleição de 2026, mas também definir o caminho para 2028, quando a cidade terá nova eleição para prefeito. Poucos meses após iniciar seu atual mandato, Robertinho (União Brasil) demonstra sinais claros de que está aberto a uma reconfiguração estratégica de alianças, capaz de impactar os bastidores da política municipal e estadual.
A recente entrega de duas viaturas novas para a 89ª CIPM de Mucuri, realizada pelo Governo do Estado da Bahia, foi mais do que um ato institucional. Tornou-se um momento simbólico, capaz de levantar interpretações sobre o futuro político local e estadual, especialmente considerando o histórico eleitoral do prefeito.
Durante a cerimônia em Teixeira de Freitas, Robertinho fez um discurso que chamou atenção, não apenas pelo tom institucional, mas pelo recado implícito: reconhecimento à sensibilidade do governador Jerônimo Rodrigues (PT), mesmo que o prefeito tenha apoiado, na última eleição estadual, o adversário de Jerônimo, ACM Neto (União Brasil).
“É assim que se constrói a política no Brasil, independente do posicionamento político que o homem tenha. Eu defendo o município de Mucuri, antes de defender a política” – disse Robertinho, ressaltando sua prioridade com a cidade, mas deixando claro que sabe reconhecer alianças estratégicas quando necessário.
O gesto do governo estadual, somado ao discurso, alimenta rumores sobre uma possível aproximação entre Robertinho e Jerônimo para 2026. Mas o ponto crucial dessa movimentação é estratégico: o que acontecer agora servirá como molde para as eleições municipais de 2028, quando Robertinho não poderá concorrer novamente, devido ao limite legal de uma reeleição consecutiva. Nesse cenário, o prefeito passa a atuar como mentor e construtor do caminho para o seu sucessor, podendo influenciar diretamente quem terá o apoio do governo estadual e, consequentemente, vantagem política na disputa local.
Na última eleição municipal, Robertinho derrotou com larga margem dois candidatos que contavam com o apoio de Jerônimo: Paulinho de Tixa (PSB) e Gelson da Padaria (PSD). Agora, se o prefeito consolidar uma aproximação estratégica com o governador, o quadro pode se transformar de maneira significativa: aliados estaduais hoje podem se tornar protagonistas amanhã, e adversários derrotados em 2024, como Paulinho e Gelson, terão que enfrentar um novo contexto político que pode reduzir suas chances em 2028.
A entrega das viaturas, que contou com a presença de importantes autoridades estaduais — entre elas o secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Antônio Carlos Silva Magalhães —, foi acompanhada de perto por Robertinho. Recebendo simbolicamente as chaves, ele destacou a importância da ação para a segurança municipal, mas também deixou sinais de que seu papel político vai além do mero cumprimento de funções administrativas.
“Essas viaturas chegam em boa hora, porque reforçam a atuação da 89ª CIPM e ampliam a sensação de segurança da nossa população. Quero agradecer ao Governo da Bahia pela atenção com Mucuri e reafirmar que esse investimento representa mais proteção para os nossos cidadãos e melhores condições de trabalho para a nossa Polícia Militar” — afirmou o prefeito, em palavras que, embora institucionais, carregam nuances políticas estratégicas.
O caráter apartidário da ação foi enfatizado, mas com sutilezas políticas: Robertinho reconheceu que, apesar das diferenças partidárias, o governo estadual nunca deixou Mucuri de lado. Essa postura demonstra maturidade política e abre caminho para alianças que podem ser decisivas na construção do futuro sucessor de 2028.
Analistas de bastidores políticos apontam que a aproximação de Robertinho com Jerônimo pode significar um planejamento antecipado para pavimentar o caminho do sucessor do prefeito, consolidando alianças e preparando o terreno político para uma continuidade de influência no município. Para Jerônimo, apoiar o prefeito e, indiretamente, o seu eventual sucessor, pode ser uma forma de fortalecer a presença política no extremo sul da Bahia e neutralizar adversários locais que já demonstraram força eleitoral, como Paulinho de Tixa e Gelson da Padaria.
Robertinho demonstra habilidade em transformar atos institucionais, como a entrega de viaturas, em instrumentos políticos estratégicos. O investimento em segurança, além de impactar diretamente a população, serve como sinal claro de articulação e construção de alianças que terão efeito duradouro, principalmente na eleição municipal de 2028.
Nos bastidores, corre o burburinho de que a articulação entre Robertinho e Jerônimo está longe de ser apenas formal. Trata-se de uma movimentação estratégica que redefine cenários e influencia expectativas: quem poderá ser o candidato apoiado pelo grupo de Robertinho? Como Paulinho e Gelson se posicionarão nesse novo tabuleiro? E, mais importante, como o eleitorado reagirá a essa nova configuração política?
Robertinho demonstra que sabe jogar com essa dualidade: manter popularidade e resultados no presente, enquanto constrói alianças e prepara o terreno político para o futuro. A política, como se sabe, é feita de gestos, discursos e sinais. E cada movimento de Robertinho agora pode determinar o sucesso do seu legado em 2028, definindo quem terá a força para disputar e vencer a eleição municipal após o seu mandato.
A grande questão que paira sobre os próximos meses é clara: se a aproximação com Jerônimo se consolidar em 2026, como ficará o destino de Paulinho de Tixa e Gelson da Padaria? Será que eles terão espaço para disputar a sucessão municipal em 2028, ou a aliança estratégica pavimentada pelo prefeito e o governador vai redesenhar o tabuleiro político do extremo sul baiano?
Enquanto isso, a população observa. Investimentos em segurança, discursos estratégicos e aparições públicas não impactam apenas a vida do cidadão, mas também servem como sinais claros para o eleitorado e para os demais atores políticos. O que era apenas entrega de viaturas se transforma, nos bastidores, em movimentação estratégica, capaz de moldar eleições futuras e criar novas oportunidades de poder.
Robertinho, com sua experiência e histórico de vitórias, demonstra que sabe jogar esse jogo. Jerônimo, ao atender às demandas de Mucuri, reforça seu compromisso com a Bahia e ao mesmo tempo posiciona-se em relação aos possíveis aliados e adversários. O tabuleiro está montado, e o futuro político da cidade e do Estado promete capítulos decisivos para os próximos anos.
No fim, fica a pergunta que ninguém consegue responder com certeza: em 2026, Robertinho e Jerônimo formalizarão esse “namoro político” ou a amizade estratégica permanecerá tácita, preparando silenciosamente o caminho para 2028? Só o tempo e os próximos movimentos políticos dirão.
