Médico opera brasileiro a 12 mil km de distância e entra para o Guinness

Uma cirurgia feita por um brasileiro entrou para o Guinness World Record como a telecirurgia robótica de maior distância já registrada no mundo. O professor Leandro Totti Cavazzola, do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, operou um paciente em Curitiba a partir de Kuwait, no Oriente Médio, a 12.034,92 quilômetros de distância, no dia 23 de setembro.

Além do recorde de distância, trata-se do primeiro caso de telecirurgia em um paciente brasileiro. O procedimento foi realizado no Hospital Cruz Vermelha, em Curitiba, para tratar uma hérnia inguinal. O médico estava operando a partir do Hospital Jaber Al-Ahmad, no Kuwait. O Guinness confirmou a marca no dia 3 de outubro.

No mesmo dia, além da cirurgia feita no paciente brasileiro, uma equipe de Kuwait foi enviada à capital paranaense para operar um paciente local, invertendo os papéis. Ambos os procedimentos foram bem-sucedidos com segurança e ficaram registrados como a primeira experiência mundial de telecirurgia robótica em dupla direção.

As cirurgias foram realizadas pelo modelo de robô cirúrgico de última geração MP1000, da Edge Medical. Todo o procedimento foi apoiado por uma infraestrutura tecnológica robusta, incluindo dois robôs cirúrgicos e duas equipes de cirurgiões sêniors, um em cada país.

Também foi utilizado um sistema de decodificação de sinais de alta fidelidade, essencial para a comunicação remota. A Ligga Telecom foi responsável por viabilizar a conectividade nacional entre o hospital e o data center em São Paulo, garantindo estabilidade e ultra baixa latência.

“Esse projeto abre novas perspectivas. No futuro, um cirurgião poderá apoiar, à distância, colegas em casos de alta complexidade, o que amplia as possibilidades de acesso da população a especialistas”, afirma o professor Leandro Totti Cavazzola, em comunicado.

O idealizador e coordenador da iniciativa, o médico Marcelo Loureiro, da Scolla Centro de Treinamento Cirúrgico, afirma que esse marco representa uma nova era na medicina brasileira e mundial. “Pela primeira vez, foram realizados procedimentos sequenciais em ambas as direções (Kuwait-Brasil e Brasil-Kuwait), demonstrando reprodutibilidade e confiabilidade. A telecirurgia evoluiu de demonstração experimental para prática clínica viável, transformando fundamentalmente o acesso à saúde especializada”, afirma em comunicado publicado pelo Governo do Paraná.