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Foguete de Jeff Bezos que ia para Marte teve lançamento adiado; entenda


O New Glenn, o imponente foguete orbital projetado pela Blue Origin de Jeff Bezos para competir com os foguetes Falcon da SpaceX, que dominam o mercado, está de volta para seu segundo lançamento — desta vez com a missão de enviar duas espaçonaves gêmeas em uma longa e sinuosa viagem até Marte.

O foguete de 98 metros estava programado para decolar da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida, Estados Unidos, durante uma janela de lançamento de 88 minutos que se abriu às 14h45 (horário do leste dos EUA) de domingo. Mas a Blue Origin revelou, durante uma transmissão ao vivo, que uma camada de nuvens chegou à área, impedindo a decolagem. (Os foguetes geralmente tentam evitar nuvens porque voar através de uma nuvem eletrificada pode provocar uma descarga elétrica.)

“Estamos analisando as oportunidades para nossa próxima tentativa de lançamento com base na previsão do tempo”, disse a empresa em uma publicação nas redes sociais.

Representantes da Blue Origin já haviam indicado que poderiam tentar novamente durante uma janela de lançamento nesta segunda-feira (10). A previsão do tempo para essa oportunidade, no entanto, parecia “um tanto consistente” com as condições de domingo, observou Laura Maginnis, vice-presidente de gerenciamento de missões do New Glenn, durante uma coletiva de imprensa no sábado.

A Administração Federal de Aviação (FAA) anunciou recentemente que suspenderá os lançamentos comerciais de foguetes entre 6h e 22h (horário do leste dos EUA), a partir de segunda-feira, para aliviar a carga de trabalho dos controladores de tráfego aéreo em meio à paralisação do governo.

“Estamos trabalhando em estreita colaboração com nossos parceiros da FAA e com a equipe da Nasa para garantir que, obviamente, estejamos honrando e respeitando as expectativas em relação ao espaço aéreo”, disse Maginnis.

De acordo com um comunicado de imprensa, a janela de lançamento da Blue Origin nesta segunda seria entre 14h40 e 16h08 (horário do leste dos EUA).

A Blue Origin pretende reutilizar os propulsores de foguetes

A Blue Origin também está tentando pousar e recuperar o primeiro estágio do foguete New Glenn, que é a parte inferior do foguete responsável pela propulsão inicial na decolagem, em uma balsa marítima chamada Jacklyn. Assim como sua principal concorrente, a SpaceX — que há muito tempo domina o mercado de lançamentos comerciais —, os foguetes da Blue Origin são projetados para serem parcialmente reutilizados, visando reduzir custos.

A Blue Origin esperava ter sucesso em sua primeira tentativa de pousar um propulsor no voo orbital inaugural do New Glenn em janeiro deste ano, mas os motores não reacenderam corretamente, fazendo com que o foguete se desviasse da rota.

No entanto, a missão principal do lançamento da Blue Origin em janeiro — colocar em órbita um satélite de teste chamado Blue Ring Pathfinder — ocorreu sem problemas, levando a empresa a declarar o voo um sucesso.

Mas a Blue Origin considera a recuperação e reutilização seguras de seus propulsores de foguete como cruciais para seu modelo de negócios.

Maginnis afirmou que os principais motivos pelos quais a Blue Origin esperou quase 10 meses para tentar um segundo lançamento do New Glenn foram os esforços para identificar por que o foguete não conseguiu pousar corretamente em janeiro e a implementação de correções para que isso acontecesse desta vez.

“Incorporamos uma série de mudanças em nosso sistema de gerenciamento de propelente, além de algumas pequenas alterações de hardware, para aumentar nossa probabilidade de pousar o foguete propulsor”, disse Maginnis.

Mas, acrescentou ela, “se não conseguirmos pousar o foguete propulsor, tudo bem. Temos vários outros veículos em produção.”

Maginnis recusou-se a especificar quantos boosters a Blue Origin tem em produção.

O próximo voo do foguete New Glenn, que estava previsto para este ano, mas atualmente não tem uma data de lançamento definida, deverá levar um módulo de pouso lunar projetado pela Blue Origin, chamado Mark 1, à superfície da Lua.

Missão a Marte da Nasa Escapade

Após o lançamento, o foguete New Glenn da Blue Origin colocará dois satélites gêmeos em uma trajetória rumo ao espaço profundo. Espera-se que os orbitadores permaneçam em órbita antes de seguirem para Marte no próximo ano, quando o planeta vermelho estiver mais alinhado para uma viagem que consuma menos combustível.

A missão, chamada Escapade — abreviação de Escape and Plasma Acceleration Dynamics Explorers — é um projeto de ciência planetária de baixo custo financiado pela NASA e liderado pela Universidade da Califórnia, Berkeley, com o apoio das empresas comerciais Advanced Space e Rocket Lab.

Se tudo correr conforme o planejado, os veículos chegarão à órbita de Marte em 2027.

Uma vez lá, a espaçonave trabalhará em conjunto para investigar por que o planeta começou a perder sua atmosfera bilhões de anos atrás — e para estudar como seu clima rigoroso pode afetar futuros exploradores.

“Faremos as medições de clima espacial necessárias para entendermos o sistema suficientemente bem para prever tempestades solares cuja radiação possa prejudicar astronautas na superfície de Marte ou em órbita”, disse o investigador principal da missão, Robert Lillis, do Laboratório de Ciências Espaciais da UC Berkeley, em comunicado.



Fonte: CNN Brasil

Rubem Gama

Servidor público municipal, acadêmico de Direito, jornalista (MTB nº 06480/BA), ativista social, criador da Agência Gama Comunicação e do portal de notícias rubemgama.com. E-mail: contato@rubemgama.com

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