Austeridade: Em Mucuri, Prefeito Paulinho corta na própria carne para enfrentar a crise
Ao tomar medidas de austeridade, o Prefeito Paulinho de Tixa, corta na própria carne. Reduz o próprio salário e de todas as nomeações e mostra para os cidadãos mucurienses que não está brincando de governar
“Se as Prefeituras não tomarem esta providência agora, não conseguirão honrar com seus compromissos financeiros, nem conseguirão manter obras e serviços essenciais no ano que vemâ€. A sentença é do Prefeito de Mucuri, Paulinho de Tixa, que nesta semana assinou Decreto que prevê medidas duras para enfrentar a crise econômica que assola o paÃs. Uma delas é a redução do próprio salário.
O Decreto nº 1.836 prevê redução de 20% do salário de Prefeito e vice-prefeito, 15% de secretários e 10% de todos os cargos comissionados.  Procurador Geral, Chefe de Gabinete e Coordenador de Controle Interno, que possuem status de secretário, também terão redução no salário de 15%.
Esta não é a única providência. O Prefeito suspendeu a contratação de servidores, ressalvados casos que importem em descontinuidade de serviços essenciais. Paulinho também determinou por meio do Decreto que todos os secretários, diretores e coordenadores adotem providências nas repartições de sua competência, que racionalizem os gastos com água, energia elétrica, material de expediente e telefone, devendo para tanto, apresentar relatório contendo a redução alcançada a cada mês.
Paulinho ainda quer renegociar com os fornecedores e prestadores de serviços visando a redução em 25% do valor do contrato.
Entenda a crise
Mas por que o municÃpio sofre as consequências da crise econômica nacional. São várias as áreas que sofreram com a ausência de recursos. Após a crise econômica mundial em 2008, o Governo Federal adotou uma série de polÃticas de desoneração de impostos. Mas a grande maioria delas foram em impostos partilhados com os estados e municÃpios. Essas medidas tiveram como consequência a falta de recursos financeiros para os municÃpios brasileiros, incluindo Mucuri.
O municÃpio de Mucuri deixou de receber, entre 2008 e 2014, mais de 30 milhões de reais. Os cálculos são do Tribunal de Contas da União (TCU).
Já a atual crise que atravessa o paÃs inteiro atingiu nÃveis surpreendentes em vários setores que influenciaram e influenciam na estrutura de custeio e investimentos municipais. O Governo Federal tem uma dÃvida com os municÃpios de 35 bilhões de reais desde 2009. A isenção de Impostos de Produtos Industrializados (IPI) concedidos pelo Governo Federal deu um prejuÃzo de 121,4 bilhões de reais aos municÃpios. O Fundo de Participação dos MunicÃpios (FPM) teve uma deterioração de 540 bilhões de reais.
Há outros pontos que estão sobrecarregando os municÃpios. Veja a lista abaixo:
O subfinanciamento de programas federais, como o da merenda escolar, destina apenas trinta centavos para a merenda de cada um dos alunos, e doze reais por mês por aluno para utilização de ônibus escolar;
A Constituição prevê que os municÃpios gastem 15% do orçamento com saúde. Mas o gasto ultrapassa os 22,6% pela ausência da União e do Estado;
Com educação, os municÃpios deveriam gastar 25%, segundo a Constituição. Mas gastam 27,7% para cobrir o que deixam de receber da União e Estado;Os pisos salariais aprovados pelo Congresso Nacional não preveem uma fonte de custeio, onerando ainda mais os cofres municipais;
As constantes quedas nos repasses do FPM influenciam as constantes perdas na arrecadação das demais fontes de receitas;
As receitas não sobem na mesma proporção das despesas;
Os municÃpios ficam com apenas 15% de tudo que é arrecado no paÃs, ficando 60% com a União e 25% com os Estados;
O aumento estipulado por lei do custeio da máquina pública conflita diretamente com as determinações encontradas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF);
Por Rubem Gama com informações da Ascom/PMM