Daniela Mercury sobre álbum: “Impossível não trazer gritos de resistência”

Com mais de quatro décadas de carreira, se firmando como uma das principais vozes da indústria brasileira, a cantora Daniela Mercury, 60, está prestes a lançar o seu mais novo álbum de estúdio. Batizado de “Cirandaia”, o disco chega às plataformas digitais na sexta-feira (17), reunindo colaborações de nomes como Alcione, Dona Onete, Zélia Duncan e Geraldo Azevedo.

Enraizado em temas atuais e recorrentes, o projeto politizado, alegre e dançante, passeia por diferentes elementos, incluindo o amor, questões climáticas e a sobrevivência do planeta. Em entrevista exclusiva à CNN, a cantora baiana reforça que a arte pode ser uma grande parceria de causas urgentes.

 

“Ela é uma aliada para toda a humanidade, em todos os propósitos, e de maneira muito especial. Ela precisa, também, ser muito bem feita para não se tornar uma arte panfletária. Precisa tocar o coração das pessoas, ter beleza, letra bonita, uma beleza importante, uma execução bem feita. Isso é muito desafiador. A arte pede coragem”, diz.

Voz por trás de grandes sucessos que embalam gerações, Mercury conta ainda que dentro de sua trajetória, a arte sempre esteve ligada às suas questões pessoais, enquanto cidadã, mulher e nordestina.

“[Para o álbum] era impossível não trazer comigo os gritos de resistência, afirmação, os incômodos com a ditadura e o autoritarismo. E, aos poucos, eu vou fazendo isso de um jeito divertido, alegre, às vezes mais rítmico, às vezes mais contido. Chegar aqui, como mulher nordestina, me afirmando, não foi nada fácil”, acrescenta.

“No começo da minha carreira, as pessoas cantavam [músicas como ‘O Canto da Cidade’] e não estavam preocupadas se a música era para falar de algum assunto, mas, depois, isso vai internacionalizando. Essa é a verdadeira mágica”, garante.

Carnaval 2026 e sonhos para tirar do papel

Na expectativa para o Carnaval 2026, a baiana prometeu ainda uma temporada ainda mais especial. “Eu faço muitos dias em Salvador, em São Paulo, e sempre trago temas relacionados ao meu álbum. Crio temas, os figurinos e toda a estética. Tenho certeza que o nordeste e a floresta vão enfeitar o meu Carnaval, e, claro vou falar de amor de alguma maneira”, adianta à CNN.

“Eu ainda sonho em realizar muitas coisas. Não dá tempo, não”, brinca. “O tempo de vida é curto, eu tenho ideias guardadinhas no meu celular. Tenho um livro de poesias, de textos, de fotos, e quero lançar. A rede social nos dá essa chance de compartilhar um pouco mais, né? Mas ainda quero lançar livros”, afirma.

“O meu sonho de consumo é sempre um espetáculo lindo, cenário maravilhoso, Olodum comigo, orquestra. Então eu tenho vontade de um bocado de coisas. Energia não me falta”, conclui.