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Entenda como míssil Tomahawk pode mudar guerra entre Rússia e Ucrânia


O encontro entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Casa Branca nesta sexta-feira (17) reforça as tentativas do líder ucraniano de pedir mais armamentos aos Estados Unidos para serem usados na guerra contra a Rússia.

Diante do vasto arsenal americano, Zelensky tem os olhos voltados para um míssil específico: o Tomahawk, capaz de promover ataques mais profundos no território russo e atingir em cheio a infraestrutura militar do Kremlin.

Depois de declarar fim à guerra em Gaza, Trump volta a atenção para o leste europeu e deu indícios de que poderia enviar o armamento aos ucranianos, sobretudo como uma tentativa de pressionar Vladimir Putin diante do impasse e das frustrações para negociar o fim do conflito que se alastra há quase quatro anos na região.

Mas o quão danoso pode ser o Tomahawk aos russos caso fosse enviado aos ucranianos?

O Tomahawk é um míssil com um alcance máximo de cerca de 2.400 quilômetros. A título de comparação, a distância entre Kiev e Moscou é em torno de 800 quilômetros.

O professor Sandro Teixeira Moita, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, explica que esse tipo de projétil é usado há décadas pelos americanos. “Os EUA têm utilizado o Tomahawk desde sua primeira versão em 1990, na primeira Guerra do Golfo. De lá para cá, tem sido um dos armamentos mais importantes do arsenal americano, a ponto de ser capaz de ser armado com ogivas nucleares”, detalha o especialista.

É importante notar que, apesar da capacidade nuclear, atualmente, os mísseis Tomahawk são equipados com uma carga explosiva convencional, o TNT. Não há indícios, até o momento, de que eles possam ser armados com ogivas nucleares, algo que elevaria muito a escala do conflito.

Míssil Tomahawk chega a 885 km por hora • CNN
Míssil Tomahawk chega a 885 km por hora • CNN

Tecnologia sofisticada

O Tomahawk é conhecido por ser um armamento de alta sofisticação, o que vai desde a sua propulsão a jato após o lançamento até ser detonado em um alvo preciso.

O míssil, na prática, funciona como um avião que se guia “sozinho” até o alvo. Ele é propulsionado por um pequeno motor a jato e é equipado com asas que garantem sustentação no ar.

Quando operado corretamente, um sistema de GPS avançado é capaz de fazer o míssil detonar com uma precisão de no máximo um ou dois metros do alvo desejado.

Ainda que seja muito usado em submarinos e navios de guerra, o Tomahawk pode ser lançado a partir de uma plataforma terrestre, o que garante mais mobilidade e disparos de locais considerados inesperados pelo inimigo.

Além disso, os lançadores em terra podem ser facilmente escondidos no campo de batalha, o que garante mais proteção em caso de retaliação.

Diferente de aviões militares e outros mísseis de cruzeiro, o Tomahawk usa combustível sólido como fonte de propulsão, assim como foguetes espaciais, por exemplo.

O combustível sólido não se degrada facilmente, como os líquidos, e pode ser mantido no interior dos mísseis a todo o momento, o que evita a logística e o tempo perdido em um abastecimento, garantindo assim uma resposta mais imediata a ataques.

“Os mísseis Tomahawk são muito caros, justamente por causa da tecnologia embarcada… Podem ser precisos por possuírem capacidades diversas de navegação que servem para garantir que ele atinja o alvo. Por causa disso, e ainda a capacidade ogival dele, ou seja, a carga de munição, é um míssil muito eficaz no uso. Mas o custo e as tecnologias embarcadas o tornam caro e ainda limitam sua produção”, explica o professor Sandro Teixeira Moita, em entrevista à CNN.

Em média, cada unidade pode chegar a custar cerca de R$ 13,5 milhões. Vale lembrar que o míssil não é reutilizável, uma vez que detona no alvo.

Míssil Tomahawk tem precisão extrema e fácil operação • CNN
Míssil Tomahawk tem precisão extrema e fácil operação • CNN

Manobras e operação

A rota do Tomahawk pode ser ajustada em pleno voo a partir do sistema de GPS, o que permite o desvio de obstáculos como montanhas ou locais com civis, como prédios residenciais e hospitais, por exemplo.

No caso da Ucrânia, militares poderiam operar o míssil, sobretudo no lançamento, com relativa facilidade, já que os ucranianos têm experiência com sistemas parecidos usados em projéteis de longo alcance.

Mesmo assim, seria necessário treinamento, caso o armamento fosse enviado pelos Estados Unidos.

Detecção mais difícil

O Tomahawk também é conhecido por sua fácil evasão de radares inimigos. Em parte, isso se deve a fatores como velocidade e altitude de voo.

O projétil é capaz de atingir 885 km/h em média durante o voo. Para se ter uma ideia, esse número representa 70% da velocidade do som. Por causa da rapidez, a detecção e interceptação no ar podem ser mais difíceis.

Um dos fatores importantes nesse contexto é o voo a uma baixa altitude, o que também dificulta a detecção por radares de defesas aéreas. Essas últimas características poderiam se mostrar desafiadoras para os russos, caso esses mísseis fossem usados para ataques profundos na Rússia.

O presidente Vladimir Putin minimizou os impactos dizendo que os projéteis poderiam ser facilmente abatidos.

O professor Sandro Teixeira Moita reforça que isso pode fazer parte de uma retórica russa. “Cabe lembrar que Putin também faz um gesto narrativo para tentar dissuadir os americanos de fornecer os mísseis à Ucrânia”, avalia.

O Tomahawk pode ter impactos na guerra no leste europeu, caso fosse usado, ainda segundo o professor: “Mas para que seja julgado capaz de mudar a dinâmica atual do conflito, precisaria ser um número grande fornecido pelos Estados Unidos”.

“A Rússia possui avançados sistemas de defesa aérea, mas que nunca foram testados contra uma salva de mísseis Tomahawk”, completa ele.

 



Fonte: CNN Brasil

Rubem Gama

Servidor público municipal, acadêmico de Direito, jornalista (MTB nº 06480/BA), ativista social, criador da Agência Gama Comunicação e do portal de notícias rubemgama.com. E-mail: contato@rubemgama.com

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