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Entenda por que Trump quer que Milei vença eleições na Argentina


Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontrou com o líder argentino, Javier Milei, na Casa Branca na terça-feira (14), o republicano afirmou que um maior apoio dos EUA dependeria do sucesso do partido de Milei nas eleições de meio de mandato deste mês.

O encontro aconteceu dias após Washington oferecer à Buenos Aires uma linha de crédito swap de US$ 20 bilhões.

As medidas de “terapia de choque” econômico do libertário Milei reduziram substancialmente a inflação e alcançaram um superávit fiscal, animando investidores e recebendo elogios do governo Trump.

Mas há sinais de que os argentinos estão se cansando do custo do ajuste fiscal – cortes de gastos, subsídios e fábricas fechadas.

“Se ele não vencer, estamos perdidos”, disse Trump a repórteres na terça-feira (14).

Situação atual da votação de meio de mandato

Metade da Câmara dos Deputados da Argentina, ou 127 cadeiras, e um terço do Senado, ou 24 cadeiras, serão disputadas nas eleições de 26 de outubro.

Atualmente, o movimento de oposição peronista detém a maior minoria nas duas casas. O partido relativamente novo de Milei, La Libertad Avanza, tem apenas 37 deputados e seis senadores.

As disputas mais importantes ocorrerão na povoada província de Buenos Aires, onde um grande número de cadeiras concorre à reeleição.

Especialistas políticos ouvidos pela agência de notícias Reuters disseram que, se o partido de Milei conquistar mais de 35% dos votos, isso seria visto como um sinal positivo de crescente apoio, usando como termômetro os 30% que ele obteve no primeiro turno das eleições presidenciais de 2023.

Se presidente argentino se aproximar dos 40%, isso seria visto como “uma eleição muito boa”, afirmou Marcelo Garcia, diretor da consultoria Horizon Engage para as Américas em risco.

O que está em jogo?

Um forte desempenho aumentaria substancialmente a presença do partido de Milei nas duas casas do Congresso, permitindo ao presidente dar continuidade às suas políticas de reforma econômica.

Javier Milei anunciou este mês que pretende introduzir reformas trabalhistas para aumentar a força de trabalho formal e novos cortes de impostos nacionais, que ele ainda não explicou em detalhes.

“Se 2025 indicar que Milei é uma figura em declínio, os investidores começarão a se preparar para uma opção mais de centro ou centro-esquerda para 2027”, falou Garcia.

Os investidores estarão atentos, em particular, para ver se o presidente obtém votos suficientes para impedir que os parlamentares da oposição comprometam sua agenda, derrubando seus vetos.

Nos últimos dois meses, o Congresso derrubou os vetos dele a projetos de lei que aumentavam o financiamento para universidades públicas, assistência médica pediátrica e para pessoas com deficiência.

O partido de Milei precisará de cerca de um terço dos votos em ambas as casas do Congresso para frustrar futuras tentativas de derrubar os vetos.

Para garantir isso, provavelmente precisará formar alianças. O seu partido se aliou ao PRO, um partido centrista liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri.

O apoio de potenciais aliados do presidente argentino dependerá do desempenho do partido nas eleições, declarou Lorenzo Sigaut Gravina, economista do think tank argentino Equilibra.

Qual a probabilidade de Milei ter sucesso?

O índice de aprovação de Javier Milei caiu para menos de 40% recentemente, o nível mais baixo de sua presidência.

Além das preocupações com o corte de gastos, ele tem sido afetado por alegações de corrupção relacionadas a pessoas próximas a ele.

Uma investigação judicial foi iniciada após o vazamento de gravações de áudio não corroboradas, sugerindo que sua irmã e chefe de gabinete, Karina Milei, estava envolvida em um esquema de suborno.

Ele chamou as acusações de campanha de difamação política.

Enquanto isso, um candidato do partido de Milei na província de Buenos Aires renunciou em meio a alegações de corrupção, mas era tarde demais para remover seu nome da chapa.

Apesar desses obstáculos, Facundo Cruz, consultor político na Argentina, disse que o partido do presidente argentino tem uma presença nacional muito maior do que nas eleições legislativas de 2023.

“Inevitavelmente, o número de assentos aumentará”, disse ele. “A questão é: até quanto?”



Fonte: CNN Brasil

Rubem Gama

Servidor público municipal, acadêmico de Direito, jornalista (MTB nº 06480/BA), ativista social, criador da Agência Gama Comunicação e do portal de notícias rubemgama.com. E-mail: contato@rubemgama.com

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